quinta-feira, 22 de abril de 2010

Prisões Psicológicas!!!


Trago nesse texto a minha visão das relações humanas e as prisões psicológicas que o homem impõe aos seus semelhantes. Como tudo aquilo que é dito sem um estudo aprofundado do tema pode trazer alguma visão equivocada, destarte a idéia do blog é falar exatamente sobre o que eu penso e não apenas de repetir.

Entendo que desde que os homens começaram a conviver em sociedade, perceberam a necessidade de se criar regras de conduta e estipular uma liderança para o grupo como todos os animais. Essa liderança exercia um poder, que era o de tomar decisões em nome do grupo, e eram tidos como aqueles que teoricamente detinham uma maior “sabedoria” e competência.

O homem, como qualquer outro animal, vivia com medo do diferente e dentre essas coisas estavam os fenômenos naturais (chuva, sol, vulcões...). Cobrava-se da liderança uma explicação para tais fenômenos e desse questionamento surge a primeira prisão psicológica: As divindades. Os líderes passaram a promulgar uma idéia de que existia uma força sobrenatural que ditava as regras de condutas e que somente aqueles dotados de “sabedoria” tinham o “dom” de entendê-las, dessa forma estariam se mantendo no poder e mantendo a segurança social. Entendo que essa atitude visava o melhor para o grupo e não tinham, pelo menos no princípio, a idéia ambiciosa de dominação, contudo a idéia de melhor estava na cabeça do líder, mas será que era realmente o melhor? Os fins justificariam os meios?

Em algum momento da história passou a ser questionada se aquela conduta ditada pelo líder vinha realmente dos deuses ou se era apenas uma ferramenta usada para manipular os seus semelhantes. Nesse momento surge uma nova prisão: A Ética. Aquele que detinha o poder percebeu que a idéia de estar submetido a um poder divino por si só não conseguiria garantir a segurança social e política e decidiu recorrer à mente humana. As regras que ditariam o que era certo ou errado agora estavam ligadas a consciência humana e o que os homens entediam por ético, contudo quando o homem definiu o que era ético estava na verdade trazendo a sua pré-compreensão de valores que foram ditados anteriormente pelos líderes antigos e suas idéias de bem divino.


Ainda hoje vivemos aprisionados pela idéia de deveres éticos, que no meu ponto de vista, foi a maior e mais “eficiente” criação do homem para poder controlar uns aos outros. Não enxergamos o mundo em que vivemos e suas relações de poder de forma crítica ainda e temos uma idéia de ética que chega a ser dogmática. O que vem a ser ética? O que é o certo? Já paramos para pensar que a idéia de certo é algo que foi pré-estabelecida por aqueles que eram tidos como os que tinham competência para isso? Em que momento vamos parar para quebrar algumas pré-compreensões?

Estamos presos psicologicamente e sequer questionamos o mundo, pois acreditamos fielmente que a nossa idéia sobre o que é certo deve reger as ações humanas em busca de um bem comum, mas será que esse bem comum existe? Se não conseguimos nem mesmo seguir a ética existente, poderemos chegar a um bem comum?

Entendam que o meu objetivo aqui não é cair num relativismo absoluto e muito menos dizer o que deve ou não ser feito pelas pessoas, pois se estivesse visando isso estaria caindo no mesmo erro de querer impor a minha idéia de melhor ao resto do mundo. A minha idéia é fazer as pessoas questionarem um pouco mais antes de aceitar tudo e que assim tenhamos uma visão mais critica em relação as teias que unem os seres humanos ao mundo e critiquemos mais nossa “realidade”.

“não adianta olhar pro céu com muita Fe e pouca luta...até quando você vai ficar usando rédea?..Muda essa postura que o medo é um modo de fazer censura! Ate quando vai ficar sem fazer nada?” (Até quando? - Gabriel O Pensador)

Esse assunto poderia render um livro, mas tenho que me conter a fazer um texto para ser lido sem cansar.

domingo, 18 de abril de 2010

O desinteresse político alimenta a politicagem!


Quando li o comentário de Dimas, sobre o poste que fazia referência a uma dicotomia entre os termos política e politicagem, percebi que concordamos em algumas coisas, mas discordamos ainda em outras tantas. Com isso resolvi criar um novo texto que falasse da falta de interesse da população, que se encontra desacreditada na política, como combustível para a politicagem, sendo assim estaríamos contribuindo para um colapso na sociedade.

Concordo que ainda hoje existe uma barreira de acessibilidade do povo à cidadania (tomemos como cidadania a idéia de acesso ao direito político) e que essa maioria desassistida não consegue se fazer ouvir, mas devemos ter sempre em mente que ser cidadão é ter consciência de que somos também sujeitos de direitos. Como diria Dalmo Dallari:

”A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo.”

Devemos entender também que a descrença nas políticas institucionais não pode de forma alguma se tornar desculpa para nos insularmos e calarmos nossas bocas. Não podemos simplesmente virar as costas e criar um microcosmo nas relações sociais. Essas ações podem sim serem vistas como conformistas e entendo que elas são objeto de fomento daqueles que praticam a politicagem, pois enxergam nessas atitudes as lacunas necessárias para suas praticas inescrupulosas.

Entendo que a mudança no status quo de nossa sociedade só será possível quando acordarmos dessa inércia e fizermos algo para revolucionar esse contexto. As mudanças de nossas atitudes são sim de caráter mais profundo, destarte precisam ser postas em prática o mais rápido possível. O interesse em se fazer uma real análise de conjuntura em que viemos e a fiscalização das instâncias de poder que foram criadas após a tripartição de poderes já seriam um grande passo.

Acho que a mudança na política institucional de nosso país se correlaciona com uma mudança de comportamento e que o poder de realizar isso está nas mãos do povo, logo não deveríamos esperar que isso partisse de cima para baixo.

Agora alguns devem está se perguntando de que forma essa mudança se realizará e o quanto cada um pode ser protagonista disso?

Sinceramente eu não sei, mas sei que não podemos “sentar no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”.

Política x Politicagem


Encontro-me cada dia mais preocupado com a falsa idéia de sinônimo entre as palavras política e politicagem. A política perde credibilidade em uma sociedade onde algumas pessoas praticam a politicagem, destarte o que difere essas duas palavras?

Entendo que a palavra política está ligada a idéia de organização social para administrar melhor as relações do ser - humano com o seu semelhante. O termo política, salvo engano, deriva da Grécia antiga e serve para denominar as ações que eram praticadas pelas relações humanas na cidade. Aristóteles dizia que o homem é um animal político por natureza e isso se concretiza na afirmação de que a partir do momento que temos dois homens vivendo em sociedade, precisamos de regras de conduta para regulamentar essas relações e fazemos uso da política na busca de um bem comum para todos os cidadãos.

Politicagem por sua vez, é o uso da política fomentando-se interesses pessoais. A politicagem se faz concreta nas “trocas de favores” que assolam a política brasileira.

Hoje temos inversões de significados tanto quando queremos nos referir à política, usando erroneamente o termo politicagem, como quando queremos nos referir à politicagem e usamos o termo política de forma equivocada.

Farei uso de um exemplo prático para definir cada palavra de forma mais didática:

Quando o governo faz acordo com partidos políticos para melhor poder governar um país, estamos diante de um ato político. Quando a troca de apoio político é dada por dinheiro, estamos diante da politicagem.

Finalizo falando o quão importante é que as pessoas se interessem pela política para que possamos cobrar nossos direitos e exigir que os nossos representantes exerçam seus cargos de forma ética.

Bertolt Brecht diria que “O pior analfabeto é o analfabeto político”.

Arnols Toynbee diria que “O maior castigo de quem não gosta de política é ser governado pelos que gostam”.