domingo, 18 de abril de 2010

O desinteresse político alimenta a politicagem!


Quando li o comentário de Dimas, sobre o poste que fazia referência a uma dicotomia entre os termos política e politicagem, percebi que concordamos em algumas coisas, mas discordamos ainda em outras tantas. Com isso resolvi criar um novo texto que falasse da falta de interesse da população, que se encontra desacreditada na política, como combustível para a politicagem, sendo assim estaríamos contribuindo para um colapso na sociedade.

Concordo que ainda hoje existe uma barreira de acessibilidade do povo à cidadania (tomemos como cidadania a idéia de acesso ao direito político) e que essa maioria desassistida não consegue se fazer ouvir, mas devemos ter sempre em mente que ser cidadão é ter consciência de que somos também sujeitos de direitos. Como diria Dalmo Dallari:

”A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo.”

Devemos entender também que a descrença nas políticas institucionais não pode de forma alguma se tornar desculpa para nos insularmos e calarmos nossas bocas. Não podemos simplesmente virar as costas e criar um microcosmo nas relações sociais. Essas ações podem sim serem vistas como conformistas e entendo que elas são objeto de fomento daqueles que praticam a politicagem, pois enxergam nessas atitudes as lacunas necessárias para suas praticas inescrupulosas.

Entendo que a mudança no status quo de nossa sociedade só será possível quando acordarmos dessa inércia e fizermos algo para revolucionar esse contexto. As mudanças de nossas atitudes são sim de caráter mais profundo, destarte precisam ser postas em prática o mais rápido possível. O interesse em se fazer uma real análise de conjuntura em que viemos e a fiscalização das instâncias de poder que foram criadas após a tripartição de poderes já seriam um grande passo.

Acho que a mudança na política institucional de nosso país se correlaciona com uma mudança de comportamento e que o poder de realizar isso está nas mãos do povo, logo não deveríamos esperar que isso partisse de cima para baixo.

Agora alguns devem está se perguntando de que forma essa mudança se realizará e o quanto cada um pode ser protagonista disso?

Sinceramente eu não sei, mas sei que não podemos “sentar no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”.

5 comentários:

Jesus disse...

Acho pertinente a sua dissertação sobre política e politicagem. Concordo que o povo brasileiro deve, sim, acordar da sua inércia e movimentar-se a fim de galgar um lugar ao sol para a democracia. Penso, porém, que a veracidade deste discurso vira falácia, devido o fato de que a povo brasileiro não possuí instrução adequada para tal reforma. Paulo Freire já diria: " Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." Então, antes de tudo, a elite intelectual jovem que se forma deve assumir ou tentar mudar as estruturas de governo, para assim, com ideais novos e através de métodos não tão ignóbeis dos atuais governantes, mudar o país de verdade. E tenho dito.

Ana Amélia disse...

Concordo plenamente com esse poste seu. Como foi dito por você e pela pessoa que escreveu o comentário abaixo, é fato “que o povo brasileiro deve, sim, acordar da sua inércia e movimentar-se a fim de galgar um lugar ao sol para a democracia.” Porém são comentários veleitários, são posições esperadas por todos que buscam melhorias numa sociedade conturbada. O que me afeta, com relação a tudo isso, é o fato de termos essa postura em mente e paradoxalmente nos colocarmos de forma retesada perante a situação. Impotentes. Como foi ratificado até pela pergunta sem resposta apresentada por você. E olha que teoricamente, nós somos a cabeça pensante da sociedade, somos o que se espera por transformação, mudança e evolução. Mas como de costume, cidadã por hora amordaçada, tenho que me comportar como você: De que forma, como essa mudança se realizará? Como podemos contribuir? Será que minimamente nós já não estamos fazendo isso? Mesmo sendo com simples textos postados em um blog, que são capazes de mudar a forma de pensar de qualquer um? Fica a dica ;)

Marcos Vinicius Ribeiro disse...

Jesus e Mel, Acho preocupante o pensamento de vocês quando falam de uma “elite intelectual”. Entendo que as pessoas se encontram “acorrentadas” psicologicamente a essa mesma idéia e por isso vemos a inércia. Afanaram do homem a idéia de liberdade e nos fizeram dependentes do capitalismo ao ponto de dizermos que não se pode nadar contra a corrente. Entendo que essa reforma pode ser feita a partir de uma educação, mas vocês já pararam para pensar quem é responsável pelo sistema de educação? A educação é a ação de educar o ser nos moldes da sociedade. Será mesmo que temos que esperar que essa mudança aconteça de forma natural? Vamos repetir o discurso de Marx de que o capitalismo gera seu próprio coveiro e sentarmos para esperar? Acho melhor não! Procuro fazer a minha parte para realizar essa mudança e o blog é apenas uma das formas! Essa idéia de que o povo deve ser uma massa de manobra conduzida por pastores (elite intelectual) não se aplica no meu modelo de vida. Depois escrevo um texto sobre os diversos tipos de prisão psicológica pois agora preciso estudar! Abraços

Ana Amélia respondendo... disse...

Mas foi exatamente isso que eu falei no meu comentário... Disse que se esperar a mudança da elite(de cima para baixo) é o que todos buscam e pela grande maioria pensar dessa forma é que engessa o processo, o que me deixou, assim como vc, sem uma resposta iminente para uma solução prática para a problemática abordada. "idéia de que o povo deve ser uma massa de manobra conduzida por pastores " assim como vc, eu tbm não concordo com essa alegação,porque na minha opnião, gerar um líder (ou um foco) que conduza o povo a certas atitudes é um perigo. Pode causar inércia social, pois sempre se espera a postura do outro, a atitude do outro, para depois pensarmos em nos mobilizar. A massa que deve caminhar e se insurgir por si própria. E não esperar que a idéia de mudança parta de um segmento.(porém é inegável que é um pensamento veleitário, pueril, pensamentos de "cidadãos românticos" que buscam uma mudança porém não sabem como e de que forma começar.)

Cezar Rogerio disse...

Marquinhos, Espero que possamos sempre questionar, não que sejamos eternos descontentes, mas que tenhamos a capacidade de entender as letras miúdas do tácito contrato social que estabelecemos a cada dia. E muitas vezes sem ter noção que o fazemos... Abraços fraternos do seu amigo.

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